Escutar dá um trabalho!
11/03/2012 18:38

Escutar dá um trabalho!
Algumas pessoas são rotuladas como comunicativas: as que falam pelos cotovelos. Outras de introspectivas ou até de tímidas: as que escutam. Estou aqui a contestar estes rótulos e decidi compartilhar uma conversa que tive recentemente. Foi mais ou menos assim:
Estávamos sentados frente a frente. Ela fala sem parar. As palavras saem rápidas e concatenadas de tal forma que não deixam espaço para um ponto final. São apenas vírgulas.
A pele do rosto vai ficando ruborizada. Não sei se ela não tem tempo para respirar ou está emocionada. Escuto.
Procuro entender o que ela quer dizer. Meus diálogos internos precisam ser velozes o suficiente para compreender a fundamentação do raciocínio. Penso no contexto, no início, no desenvolvimento, nas inter-relações de ideias.
Percebo sutis mudanças na voz, no movimento dos olhos e no posicionamento na cadeira.
Noto que agora surge algo dentro de mim. Deve ser uma emoção. Parece ansiedade, mas não tenho certeza. Por qual razão eu estaria ansioso? Será que esta ansiedade é minha ou é um reflexo de algo dela? E será que é este mesmo o nome do que estou sentindo? E enquanto escuto, procuro decidir o que farei com o que estou sentindo. Isso se eu tiver um tempo para me expressar. Acho que devo interrompê-la. Será? Eu não estaria interrompendo algo espontâneo? E se apenas falar for tudo o que ela precisa neste momento? Escuto.
E então ela se contradiz. Sim, percebo claramente. O que ela disse no início era justamente o contrário do que ela acabou de dizer agora. Penso em alertá-la da minha constatação. Mas será o momento mais adequado? Então interrompo. – Espera aí! – Você está se escutando? E foi como uma freada brusca. Freios ABS. Parada instantânea.
– Como assim? Não! Por quê? E solta novamente o freio, continuando morro abaixo.
Em algum momento ela há de parar. Só me resta escutar e registrar. Eu gosto. Mas dá um trabalho!
Estávamos sentados frente a frente. Ela fala sem parar. As palavras saem rápidas e concatenadas de tal forma que não deixam espaço para um ponto final. São apenas vírgulas.
A pele do rosto vai ficando ruborizada. Não sei se ela não tem tempo para respirar ou está emocionada. Escuto.
Procuro entender o que ela quer dizer. Meus diálogos internos precisam ser velozes o suficiente para compreender a fundamentação do raciocínio. Penso no contexto, no início, no desenvolvimento, nas inter-relações de ideias.
Percebo sutis mudanças na voz, no movimento dos olhos e no posicionamento na cadeira.
Noto que agora surge algo dentro de mim. Deve ser uma emoção. Parece ansiedade, mas não tenho certeza. Por qual razão eu estaria ansioso? Será que esta ansiedade é minha ou é um reflexo de algo dela? E será que é este mesmo o nome do que estou sentindo? E enquanto escuto, procuro decidir o que farei com o que estou sentindo. Isso se eu tiver um tempo para me expressar. Acho que devo interrompê-la. Será? Eu não estaria interrompendo algo espontâneo? E se apenas falar for tudo o que ela precisa neste momento? Escuto.
E então ela se contradiz. Sim, percebo claramente. O que ela disse no início era justamente o contrário do que ela acabou de dizer agora. Penso em alertá-la da minha constatação. Mas será o momento mais adequado? Então interrompo. – Espera aí! – Você está se escutando? E foi como uma freada brusca. Freios ABS. Parada instantânea.
– Como assim? Não! Por quê? E solta novamente o freio, continuando morro abaixo.
Em algum momento ela há de parar. Só me resta escutar e registrar. Eu gosto. Mas dá um trabalho!
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